Cuba

Una identità in movimento


O Tango tem uma componente histórica incontestávelmente Bantu

Simão Souindoula


E, uma das principais conclusões científicas do Simpósio da quinta edição do Festival Panafricano de Música que teve lugar, em julho último, em Ponta-Negra, sob o tema "Herança da música africana nas Américas e Caraibes".

O facto acaba de ser recordado, em Libreville, pelo Simão Souindoula, durante um atelier de restituição dos resultados desta importante reunião. O historiador angolano apresentou, neste foró, uma comunicação sobre a evolução, desde o inicio do século XIX até aos nossos dias, na região rio-oceana banhado Argentina e o Uruguai, dos candombés de reyes, das llamadas e do famoso Conjunto Bantu de Montevideo.


Logo de inicio, o principal animador do work-shop sublinhou o facto de que a organização em Libreville desta actividade de promoção científica era um verdadeiro símbolo; sendo a criação da futura capital gabonêsa, em 1849, o resultado da luta contra a exportação para o além-Atlântico, da mão de obra negra.

Mais, para o Coordenador da Bantulink, a nova Rede Internacional para a Promoção da Identidade e da Diversidade das Culturas Bantu, o facto das actuais territórios angolano, congolês e gabonês tivessem sido reagrupados pela esclavagista "Loango Coast" tornava digna de interesse o conjunto dos aspectos históricos postos em relevo na outra cidade do Golfo de Guiné.

Abordando a substância da restituição, Souindoula precisou que o encontro do Foró Mbongui reagrupou uma trintena de especialistas de diversas disciplinas, dentro dos quais, historiadores, etnomúsicologos, antropólogos e sociólogos.

Citou, dentro desses, a elegante universitária afro-americana Sheila S. Walker, a estrela da world music vinda de Lima, Susana Baca, a latino-americanista baseada em Paris, Elisabetta Maino, a especialista françêsa das músicas urbanas africanas, Sylvie Clerfeuille, Gihad Sami Daoud, Professor no Conservatório de Música do Cairo e o semilhante Adépo Yapo, do Conselho Internacional de Música; sob o olhar amável da venerável Senhora Yandé Diop, das edições Presença Africana, que veio a cidade oceana, coordenar uma exposição de livros em relação com o tema da reunião.

Por outro lado, o orador realçou a brilhante intervenção de Christiane Taubira, deputada para a Guiana a Assembleia Nacional francêsa, que insistiu a cumprir, a correr, a peregrinação da cidade do "ntchévélika"


Samba carioca

Entre outros desenvolvimentos propostos a partir da orientação temática do simpósio, esses cortados pelas deliciosas melodias do cantor e lamelofonista (tocador de kisanje) Ya Vhos e o seu grupo de Ponta-Negra, o bantuista de Libreville, que tem a vantagem de ter sido o relator dos trabalhos, fez reter a análise das ceremónias de intronização dos "Reis do Congo" e da "Rainha Nzinga" no Brasil, a significação do famoso "Axé Africa" na muita crente Salvador de Bahia, o realce das preferências organológicas nas expressões musicais afro-peruanas, a ousada tentativa comparativa entre a tshiyanda cokwé e a torida samba carioca, a procura de novas vertentes da matriz negra do jazz, a grapa-kongo em Guadalupe, as celebres jogadas musicais dominicais do equivoco "Congo" square, em Nova Iorque, a evocação da música africana na obra do veterano Aimé Césaire, o sempre Presidente da Câmara Municipal de Fort de France, e, enfim, a contagiosa reapropriação das revelações biblicas na música afro-caribenha contemporânea.

Passando a sua própria comunicação, Simão Souindoula sublinhou que uma das consequências da gradual instalação, a partir de 1680, de milhares de trabalhadores negros, na região rio-oceana que banha Argentina e a Uruguay, foi o enraízamento, nesta zona, de músicas e danças bantu.

E, dentro das variantes dessas festas, o orador realçou candombé, cambunda,banguela, mana, quisam, lubolo e... tango. Classificado em 1840, como "candombé" (ritmo dos negros), o tango não escapará, segundo Souindoula, a um decreto das autoridades da Uruguai independente, proibindo-a simultâneamente aos tambos, em espectáculos no ar livre. Será, portanto, confinado nas salas, tornando-se, dança de boa companhia.

Este ritmo dos "tamboriles" africanos será normalizado na quase branca cidade de Buenos Aires, por mãos negras. Beneficiará do enriquecimento de elementos afro-cubanos, correctivos da habanera, assim que dos inevitavéis modos de execução espanhol e italiano. O tango, como as outras cristalizações de origem africana, marcou, singularmente, o quadro artístico da sub-região. Com efeito, o historiador angolano citou, entre outros factos, a reveladora peça de Andrés Castillo e de Francisco Merino "Del candombé al tango", apresentada, em 1972, pelo Teatro Negro Independiente da capital uruguai.

Sobre este ponto, o Coordenador da Bantulink relevou que os participantes do encontro da cidade atlântica, lamentaram profundamente a ausência de Tomas Olivera Chirimini, o fundador em 1973, do Conjunto Bantu de Montevideo.

Interrogado — isso era inevitável — sobre as prestações vindas do "Novo Mundo", Simão Souindoula afirmou que é incontestavel que essas foram a altura das esperanças. Ilustrou o seu ponto de vista restituindo o perfil da ceremónia de abertura do festival, que teve lugar no Estádio Félix Eboué, do nome do famoso Governador de origem antilhana. O espectáculo produzido, pela esta ocasião, foi, sob todos ângulos (representações coreográficas e sincronia dos sons e das luzes), de grande qualidade.

Fez, assim, notar a poderosa voz saida de Los Angeles, a de Debbie Davis, e a irresistível souk do grupo haitiano Original H.

E, para ele, o momento de emoção mais intenso foi a reinterpretação pela cantora africana-americana de dois clássicos da música congolêsa, o primeiro, do saudoso Franklin Boukaka e, o segundo, do decano Antoine Moudanda, oportunamente presente no grande estádio de Poto-Poto.

Aquele administrador do festival aproveito da magnífica flor oferecida ao Congo da margem direita pela Debbie Davis, para afirmar, em conclusão do work-shop, que além duma história feita de suor e de sangue, engajou-se entre as duas costas do Atlântico, desde o século XVI, intercâmbios culturais fecundos e que terão, a partir do século XX até os nossos dias, um forte impacto internacional. E, deu como exemplo contemporâneo, a declaração feita em pleno espectáculo, em Paris, pelo o famoso cantor madrileno, Julio Iglésias, sobre o facto de que o seu pai e a sua mãe encontraram-se dançando o tango, esta dança cujo uma das componentes históricas é "candombé".


    Simão Souindoula
    Historien
    CICIBA (Centre International des Civilisations Bantu)
    B.P. 770 Libreville Gabon
    Tél. ( 241 ) 77 44 28 (d) — 70 40 96 (b)
    E-mail: souindoula@voila.fr


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